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Salvador, Bahia, Brazil
Este blog contempla as experiências dos alunos do 1º semestre do curso de comunicação da Faculdade da Cidade do Salvador(FCS) - Jornalismo e Publicidade para a disciplina Trabalho Interdisciplinar Dirigido (TID). Com a temática "Autores Brasileiros" a equipe formada pelos alunos: Amanda Soriano, Daniela Mattos, Greicehelen Santana, Larissa Pamponet, Vanessa Fontes, Zaidan Torres e Zaira Aragão, escolheu trabalhar as crônicas da escritora Lya Luft. A professora responsável pela disciplina, é a jornalista Nadya Argôlo.

sábado, 27 de abril de 2013

Um Pouco De Silêncio



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Silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus que desconserto nosso. Com medo de ver quem - ou o que - somos, adia-se o defrontamento com nossa alma sem máscaras. Mas se a gente aprende a gostar um pouco de sossego, descobre - em si e no outro - regiões nem imaginadas, questões fascinantes e não necessariamente ruins. Nunca esqueci a experiência de quando alguém botou a mão no meu ombro de criança e disse: " _Fica quietinha, um momento só,  escuta a chuva chegando." E ela chegou: intensa e lenta, tornando tudo singularmente novo. A quietude pode ser como essa chuva: nela a gente se refaz para voltar mais inteiro ao convívio, às tantas frases, às tarefas, aos amores. Então, por favor, me dêem isso: um pouco de silêncio bom para que eu escute o vento nas folhas, a chuva nas lajes, e tudo o que fala muito além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos. (Lya Luft)

Laços E Punhais




Certa vez errei uma tecla do computador e em lugar de "perdas" saiu "peras". Eu ia corrigir, mas li de novo, achei muito mais bonito e deixei assim. Ninguém reclamou, nem os revisores...  Dessa maneira acontecem mal-entendidos: amizades se perturbam, amores se rompem, pessoas se desencontram e magoam... Palavras esvoaçam como bilhetes, sinais de fumaça ou borboletas perdidas... Então nem sempre que alguém dizia "flor" o outro pensava "flor"? E podia entender "pedra"? Nada era simples. Pra mim as palavras eram objetos mágicos, mas via que podiam ser traiçoeiros. Belos de olhar, mas duros, com arestas cortantes; caramelos de vários sabores que eu deixava rolar na boca com delícia, porém a gente podia se engasgar, até morrer. Não era só prazer a linguagem: peras, perdas, fazer falta, estar em falta ou sentir falta. Desacordo, desconserto. Ambivalentes como nós, palavras preparam armadilhas ou abrem portas de sedução. Embalam ou derrubam, enredam em doces laços, ou nos matam dolorosamente -- como punhais. (Lya Luft)

terça-feira, 9 de abril de 2013